Logo que comecei este blog, fiz uma promessa que iria me atormentar
por um tempo (e ainda me atormenta): falar dos patches que os times usariam na
temporada 2012. Você pode ver esse
bendito post aqui e ficar sabendo
quais são os patches aos quais me refiro.
Quando vocês terminarem de ler o post, vão ver que minha
promessa começava com o Fenway Park e acho que foi isso que me atrasou (eu
pretendia falar dos 10 patches antes da temporada começar). E olha que a temporada
começou 3 vezes.
O patch comemorativo |
Eu não tinha uma ideia de como abordar o texto. Falar de 100 anos de um estádio era demais pra
mim. E não um estádio qualquer. O Fenway! Foi engraçado, porque entre meus alt-tab, passeando por Twitter, Facebook,
Wikipedia e uma página vazia do Word, eu vi umas fotos de uma amiga minha que morou
em Boston por uns 6 meses. O que ela tinha acabado de postar? Fotos de uma
visita ao Fenway, claro.
Aí que lascou mesmo. Como poderia eu, do alto da minha
ignorância baseballística falar de um estádio que é mais que um estádio? Quem
vai a Boston, tem o glorioso Ballpark como um dos pontos turísticos, um dos
pontos de referência da cidade. Quem vai a Boston e não conhece esse conservado
senhor centenário, parece que não foi a Boston. Quem vai a Boston, vai ao
Fenway sem nem saber o que é um Home Run (mesmo que tenha assistido ao episódio
de Chaves no qual seu Madruga trabalha de sapateiro e bate uns home runs).
Fenway Park bem simpático em 1914 (e esse era o "Green Monster" na época) |
Aí então eu percebi uma coisa e me lembrei de alguns amigos
meus. Lembrei daquele são-paulino que diz que não fala com você de futebol
enquanto você não tiver 3 títulos mundiais. Lembrei do corinthiano que passou
2011 inteiro falando que só iria dirigir a palavra a quem estivesse na frente deles na tabela. Lembrei
também do meu amigo botafoguense... mas esse fala com todo mundo mesmo.
Depois desses pensamentos poucos profundos, vi que o
torcedor do Boston Red Sox podia dizer: “Não fale comigo enquanto você não
tiver metade das histórias que ocorreram no Fenway”. Para o bem ou para o mal.
Foi aí que percebi que eu não poderia falar da grandeza do estádio, não poderia
falar de histórias que mal conheço. Histórias que li 3 ou 4 linhas, ou ouvi 5 ou 6 palavras sobre. Falar de um estádio tão
representativo para uma comunidade, para uma cidade, para um esporte e uma
nação. Como fazer isso sem sequer ter feito uma visita ao Fenway?
Foi aí que decidi comprar uma passagem pra Boston!
Mas a ideia não deu certo.
Fiquei no Recife mesmo, perto da Ilha do Retiro. Ilha do
Retiro, por sua vez, que está próxima de ser demolida para construção dessas arenas
que estão na moda, com shopping, hotel, hospital e até mesmo um gramado para se
jogar bola. E quando ela for demolida, vai impossibilitar que alguém fale de
seus 100 anos num texto bem mais ou menos como este aqui.
E foi isso que quase aconteceu com o nosso querido Fenway.
Não fosse pela ação de vários moradores e, claro, torcedores dos Red Sox,
vocês não estariam lendo essa desgraça
aqui. Em 99, o então presidente dos Red Sox tinha planos para construir um novo
Ballpark. Sim, era basicamente uma réplica do Fenway atual, incluindo até um Green Monster e um campo com as mesmas dimensões. Ele queria modernizar a
estrutura, mudar umas paredezinhas, colocar mais metal aqui, mais vidro ali, mudar
para perto do New England Patriots.
Essas coisas todas, para tudo ter um ar mais moderno e parecer com uma espaçonave que vai voar a qualquer
momento (provavelmente na primeira derrota de World Series).
Mas não aconteceu. Movimentos se formaram na cidade, no
estilo Save the Fenway. Reformas
foram feitas, estudos realizados e, para alegria de todos, deram ao Fenway mais
50 anos de vida. 50 anos de histórias que eu não poderei contar, nem você. 50
anos de paredes que sabem mais de baseball que qualquer comentarista metido a
besta. 50 anos de risos e lágrimas, alegrias e tristezas, home runs, bases
roubadas e erros.
E foi por isso que salvaram o Fenway. Porque não é um
vestiário com 55 telas de LED que faz um time de baseball. Não é um telão de
800 polegadas que faz a torcida se empolgar. Sequer, é uma privada com assento
com aquecedor que deixa o torcedor pronto para o jogo.
O que faz o Baseball é a história. A história de um estádio que nasceu em 1912, com capacidade para 11 mil pessoas em suas arquibancadas de
madeira. Passou por uma crise na década de 20, quando Babe Ruth foi vendido
para os Yankees. Mudou de dono, foi quase destruído por um incêndio, mas voltou
abrigando mais pessoas e com um novo placar. Assistiu à Maldição do Bambino, período que o Boston ficou sem um título de
World Series, atribuído à troca de Babe Ruth, mas resistiu bravamente. Ganhou o
Left Field mais famoso do Baseball, o Green
Monster, que nasceu somente como “O Muro”, mas, depois de perder o grande
número de propagandas nele, foi pintado de verde e imortalizado.
As bandeirinhas vermelhas são os títulos de World Series. Pulam de 1918 pra 2004 |
Se o Fenway fosse uma pessoa, com certeza se sentiria mais
feliz do que nunca ao alcançar o centenário. Por tudo que viu, por tudo que presenciou e por tudo que representa
no mundo dos esportes. E mais! Por ser o velhinho mais visitado e com mais amigos do
mundo, já que desde 15 de maio de 2003, todos jogos nesse adorável senhor, são
garantia de casa cheia.
E no dia que vier à tona novamente o assunto da demolição do Fenway, os torcedores vão perguntar: Não dá pra demolir a World Series antes?
Estava eu aqui na internet procurando um blog brasileiro sobre o esporte que cada dia me encanta cada vez mais, e eis que no meio de sites desatualizados e páginas em japonês (sim, coloquei páginas do Brasil) tive esse achado.
ResponderExcluirÓtimo blog, tanto na parte da pesquisa como nas análises.
Por fim, vi o twitter do MLBBrasil, por acaso tem facebook também?
Ainda não temos Facebook, meu caro! Mas pode ser que venha a existir num futuro próximo!
ResponderExcluirFico no aguardo, e mais uma vez parabéns!
ResponderExcluirGO PHILLIES!